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Transferência


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🛑Homem Trabalhando

Pra quem está lendo isso, é por que este post ainda está em progresso. Como Lacan é bastante confuso, é bem provável que eu vá e volte várias vezes ajustando este texto. Então, sinta-se à vontade para comentar o que quiser, mas, enquanto este parágrafo estiver aqui, perceba que o texto não está finalizado.

Uma das coisas que mais gosto de Lacan é a capacidade dele “reduzir” suas conclusões a modelos — quase — matemáticos. No entanto, uma das coisas que mais detesto nele e em Freud é a falta de uma escrita clara. Parece que ambos gostam de falar em metáforas e parábolas. A impressão que dá é que ficam tentando se justificar e justificar a existência da psicanálise, mais do que transmitir o conceito que querem transmitir.

A escrita aberta de Freud, que dava margem a trinta mil interpretações de uma mesma coisa, foi estreitada por Lacan para que se pudesse ter uma informação mais clara. Mesmo assim, certa vez, li umas cinquenta páginas do seminário 11 de Lacan, onde ele estaria falando sobre o conceito de “Repetição”, onde não aparece uma única linha dizendo algo como “Repetição é isso, isso e isso”. Não quero cometer este mesmo erro. Mesmo entendo o benefício que a escrita aberta traz, onde eu poderia encontrar justificativas a posteriori para praticamente qualquer questionamento da teoria proposta, eu acho que isso não é nada didático e deixa as coisas muito confusas.

Então, vamos lá, mesmo sabendo que vou estar abrindo o peito para receber dezenas de críticas para minha definição, vou coloca-la de forma fechada:

“Transferência é o nome que dou ao momento da análise em que o analisando fala livremente, sem filtro prévio para com o analista.”

Vale lembrar que o analista e o analisando são duas pessoas que nunca se viram na vida. Que um não tem qualquer motivo racional para confiar no outro. Ainda mais se estiverem no início das sessões e um analisando nunca esteve em uma sessão de terapia antes. Assim, existirão milhares de pontos de resistência nesta conversa. Desde pudor, timidez, desconfiança, etc.

Então, é comum que a conversa comece quase que de forma protocolar. Onde o analisando não sabem bem o que dizer e vão apenas “reclamar” da vida. Então, existirão filtros para esta conversa que a deixarão mais clara, mais lógica, com menos sotaque, etc. Tudo que não queremos em uma sessão de analise.

A psicanálise trabalha com o conteúdo bruto que o inconsciente expressa na fala do analisando. Ou seja, não pode haver qualquer tipo de filtro racional ou bloqueio inconsciente na fala do analisando. Enquanto estes bloqueios estiverem estabelecidos, a transferência não acontece e a análise não anda, ou anda de forma bem devagar, apenas pinçando os pequenos deslises nos discursos do analisando.

Então, o que é esperado é que em algum momento da análise, o analisando se “acostuma” de tal forma com a presença do analista que passa a vê-lo como um “adereço”. Alguém que está ali apenas como facilitador de seu diálogo interno. Neste momento podem começar vários tipos diferentes de Transferência.

Agora sim, podemos expandir este conceito para facilitar o seu entendimento. Aqui estão alguns exemplos:

  • Transferência de repetição:

Uma pessoa que tem mania de perseguição, que fala constantemente que seus amigos ficam fofocando sobre a sua vida, que as pessoas ficam querendo saber da sua vida para poder tirar vantagem, etc. Esta pessoa, em algum momento da analise, passa a desconfiar do próprio analista. Ou seja, começa a repetir o sentimento que tem das outras pessoas para com a pessoa do analista. Desta forma, pode começar a atacar o analista, a questionar seus motivos, em casos extremos, pode até desistir da análise. No entanto, este é o momento mais importante da terapia. É o momento em que a pessoa começa a falar livremente e dá ao analista a oportunidade de ouvir o que o inconsciente da pessoa quer realmente expressar. O manejo adequado dos sentimentos que aparecem durante a transferência é o que pode levar a pessoa a encontrar a paz e a estabilizar sua angustia.

  • Uma transferência Positiva

Neste caso, o analisando idealiza o analista. Seria como se o analista fosse o detentor de todo o conhecimento do mundo, seria a chave mágica para eliminar todos os problemas do analisando. Assim, o analisando tende a buscar demandas do analista na esperança de que realizando-as, encontre sua cura. O desafio do analista, neste caso, é manejar a evolução do analisando para não desenvolver uma dependência excessiva do analista.

  • Transferência Negativa

Aqui o analisando passa a ver na figura do analista os objetos que lhe fizeram mal. São projetados sentimentos de raiva e frustração, normalmente desencadeados devido a sentimentos reprimidos para poder conviver com pessoas de autoridade de sua família ou de seu ciclo social. Pode até mesmo desencadear reações hostis e violentas contra o analista.

  • Transferência Sexualizada

São desenvolvidos sentimentos romântico para com o analista. Que podem ser resultado de uma carência afetiva que acaba sendo preenchida pelas conversas durante a sessão psicanalítica. O manejo destes sentimentos é importante, mais uma vez, para que o analisando possa desenvolver sua vida afetiva fora das sessões psicanalíticas.

E ainda existem várias outras modalidades. O Analista pode ser visto como uma figura parental, pode ser visto como uma figura que vai validar ou não a autoimagem do analisando, etc. No entanto, em todos os casos, como foi definido no início, serão momentos em que a pessoa esquece que está sendo analisada e passa a falar livremente. É a tal da Transferência acontecendo.

Estes momentos são os mais importante da análise pois são neles que as questões centrais aparecem e que também permitem que todos estes sentimentos sejam percebidos e manejados em um ambiente seguro.

Muitos até podem imaginar que isso é parecido com uma conversa entre amigos. Realmente, em um conversa de bar, ou em uma reunião de queijos e vinhos, podem haver muitos momentos de transferência. Mas, na maioria das vezes, esta transferência, ao contrário do que acontece numa sessão de psicanálise, é interrompida. Naquele momento que a pessoa começa a contar algo angustiante e começa a chorar, e que o(a)s amigo(a)s vão acolher (ou tirar sarro) para que a pessoa se recupere rápido, é uma interrupção. É um momento sensível que, em uma sessão psicanalítica, seria potencializado ao invés de interrompido. A ideia é que, em uma sessão psicanalítica, por mais angustiante que seja, a pessoa precisa sentir a totalidade de seus sentimentos, identificando e lidando com o que a incomoda, para que possa falar e elaborar o que está vivendo; ao invés de simplesmente receber o afago e deixar suas queixas de lado.

Então, isso é a Transferência, ela aparece quando o analista se coloca numa posição em que o analisando possa retirar todos os seus filtros e falar livremente para que o inconsciente possa se expressar.

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