Warning: Undefined array key "HTTP_ACCEPT_LANGUAGE" in /home/u346813256/domains/tofeliz.com.br/public_html/wp-content/plugins/quick-adsense-reloaded/includes/conditions.php on line 562

Warning: Undefined array key "HTTP_ACCEPT_LANGUAGE" in /home/u346813256/domains/tofeliz.com.br/public_html/wp-content/plugins/quick-adsense-reloaded/includes/conditions.php on line 562

Warning: Undefined array key "HTTP_ACCEPT_LANGUAGE" in /home/u346813256/domains/tofeliz.com.br/public_html/wp-content/plugins/quick-adsense-reloaded/includes/conditions.php on line 562

Título da categoria

Autem vel eum iriure dolor in hendrerit in vulputate velit esse molestie consequat, vel illum dolore eu feugiat nulla facilisis at vero eros et dolore feugait.

Artigos Sobre Sem categoria

A tópica do imaginário

Este texto é a reposta à uma pergunta da prova final do módulo sobre Lacan, do meu curso de especialização em psicanálise.

Aqui vai a questão:

No texto “O Estádio do espelho como formador da função do eu tal como nos é revelada na experiência psicanalítica” (1949/1998), Jacques Lacan afirma que “Basta compreender o estádio do espelho como uma identificação, no sentido pleno que a análise atribui a esse termo, ou seja, a transformação produzida no sujeito quando ele assume uma imagem […]” (LACAN, 1949, 1998, p. 97 – grifos meus).

Comente o efeito de transformação no sujeito, ao assumir uma imagem, em relação ao conceito de EU, de CORPO e de FANTASIA, a partir do repertório da teoria do estádio do espelho de Jacques Lacan. Como o repertório associado ao campo da Imagem, do Corpo e do Eu delimitam o Imaginário?

E aqui vai a resposta :

Bom, primeiramente, vamos elogiar no momento que o elogio é merecido. Em outros posts, pode ter visto a minha reclamação sobre a didática de Lacan. Para responder a esta pergunta, li cerca de cento e cinquenta páginas do seminário um de Lacan, sobre a “Tópica do Imaginário”. Foi o primeiro texto de Lacan que me senti bem lendo. Recomendo muito este primeiro seminário para quem já leu e ficou perdido com o texto do Estádio do Espelho que aparece no livro “Escritos” ou para quem entendeu e quer confirmar o seu entendimento. Existe material teórico, discussão de caso clínico, diálogos. Achei este texto muito bom mesmo. Vale a pena ser lido.

Dialética

Para começar a resposta, precisamos do conceito básico para dialética. Lacan usa muito este termo em toda a sua obra. Então, de forma resumida, a dialética pode ser pensada como o aprendizado pela diferença. Por exemplo, para eu aprender o que é uma laranja, eu vejo uma fruta nova, que nunca vi antes, a comparo internamente com todas as frutas que eu conheço e entendo que ela NÃO é qualquer uma destas frutas. Então, crio espaço no meu repertório de frutas para esta coisinha redonda e alaranjada que alguém vai me dizer que é uma laranja.

Este termo é muito importante no contexto do imaginário, principalmente para entender o estádio do espelho.

Estádio do Espelho como uma identificação

Lacan descreve três estruturas principais para a sua visão da psicanálise. Imaginário, Simbólico e Real. O Estádio do Espelho é a peça fundamental para o Imaginário. Para entendermos o estado do espelho precisamos imaginar um bebê bem jovem. Imagine que aquela criaturinha não tem qualquer noção de tempo, espaço, não sabe nem porque está ali. Está totalmente desamparado e dependente dos pais. Alguém que não tem consciência nem que aquelas coisas que estão mexendo na sua frente são, na realidade, seus braços e pernas.

Partindo desta ideia, em boa parte desta fase inicial da criança, ela apenas percebe que quando chora, aparece um seio em sua boa e o líquido que entra, de alguma forma mágica, faz aquela sensação ruim na barriga dele (fome) sumir por algum tempo. Teóricos como Melanie Klein dizem que, neste momento, é como se não existisse barreira ali entre mãe e criança. Para o limitado repertório da criança, é como se ela e a mãe fossem um único ser.

Agora, em algum momento, a criança começa a reconhecer estes “bichos” estranhos que estão a sua volta. Existem alguns conjuntos de cores e formas, mais ou menos delimitadas (aí aparece o corpo), que andam de um lado para o outro. Uma destas coisas virá a ser o pai, a mãe, todos os seres externos.

O estádio do espelho é uma metáfora que Lacan usa para o momento que “cai a ficha”. Ou seja, o momento exato em que a criança se olha no espelho e percebe que aqueles seres que andam de um lado para o outro são separados do serzinho que ela acabou de ver no espelho. E, ainda chegou à conclusão de que aquele serzinho que está no espelho é controlado pela sua própria consciência. É o momento em que a criança se percebe como um ser independente, separado dos demais. Ela identificou o seu próprio corpo.

Daí vem então a utilização da dialética por Lacan. A criança percebe que existem outros seres que não são ela. E, consequentemente, aprende que ela tem o seu próprio corpo e que existe de forma independente dos demais. Aprendeu por exclusão, aprendeu por reconhecer que ela NÃO é qualquer uma das outras formas e cores que ela enxergava até ali e que agora ela própria é algo novo. Ela se identificou com a imagem que viu no espelho.

A Transformação 

A partir deste momento inicial de identificação, muitas coisas se transformam na criança. Principalmente, aparece o vazio que a separa dos Outros. Vazio este que começa a ser preenchido com imagens (teoria do imaginário) internas e externas que vão levar a criação de sua personalidade.

Ainda vou escrever uma outra sessão explicando detalhadamente este aparato de espelhos proposto por Lacan para a tópica do imaginário. No entanto, para agora, vamos a uma simplificação do processo para entender a formação inicial da personalidade da criança.

Diagrama, Desenho técnico

Descrição gerada automaticamente

Lacan descreve este aparelho para indicar como a nossa realidade é capturada de elementos reais e imaginários. Na figura acima, a “realidade” seria composta por um vaso com flores que é visto por um observador (neste caso, seria a própria pessoa, vendo sua “realidade”).

Embora a pessoa veja o vaso com flores, neste caso específico, o vaso seria um componente da realidade, pois está ali, disposto em frente à pessoa e as flores estariam vindo de uma imagem que foi gerada pelo espelho côncavo diretamente na retina dos olhos do observador. No desenho, pode verificar que as flores “verdadeiras” estão dispostas na parte inferior do anteparo e são refletidas no espelho, que forma a imagem sobreposta com o vaso, na parte de cima do anteparo, nos olhos do observador.

O importante a saber aqui é que a realidade é percebida através de uma parte verdadeira, mas também por uma parte imaginária, que vem do repertório do observador. Desde a infância, este observador vem sendo bombardeado por informações que vão formando estas imagens, do que são coisas boas, ruins, úteis, divertidas, etc.

A personalidade do sujeito vai aparecer justamente do que foi possível apreender de todo este repertório imagético que lhe foi apresentado durante toda a sua vida. 

Este diagrama inicial, apenas com o espelho côncavo representaria a formação do eu-ideal de Freud. Ou seja, são imagens que vão aparecendo para o sujeito, este vai apreendendo todas as coisas que lhe parecem boas, sem influência externa. Assim, vai aparecendo também o narcisismo primário, onde a pessoa vai focando em si própria para se reconhecer no indivíduo que quer ser para este mundo no qual está inserida.

Agora, existe um segundo diagrama onde Lacan insere um espelho plano nesta representação:

Diagrama

Descrição gerada automaticamente

No primeiro diagrama, o sujeito está olhando para a sua realidade diretamente do seu ponto focal. O Sujeito olhando diretamente para ele mesmo. Já neste segundo diagrama, o sujeito está olhando para um espelho plano que reflete a realidade que foi produzida pelo espelho côncavo. Pode parecer um detalhe menor, mas é neste ponto que aparece o ideal-de-eu.

Eu-ideal vs Ideal-de-eu

Enquanto o eu-ideal seria a identificação isolada onde o sujeito percebe sua realidade através de suas próprias imagens; o Ideal-de-eu é visto através da reflexão desta realidade no espelho plano. Em um ambiente ideal, sem influência externa, o espelho plano refletiria exatamente o que também seria visto no ponto focal do espelho côncavo, a “realidade” percebida seria a mesma.

No entanto, é no posicionamento do espelho plano que entram os valores externos. Digamos que cada frase do tipo “este bebê vai ser lindo”, “este carinha vai ganhar muito dinheiro pra me sustentar quando eu ficar velho”, “se ele for gay, vou expulsar de casa”, “você nunca vai encontrar alguém que te faça tão feliz quanto a mamãe te faz”, que vem a partir de pessoas importantes para esta criança, vai mudando o posicionamento deste espelho plano. Como a imagem vista pelo sujeito/observador se deforma, de acordo com o ângulo do espelho plano, o sujeito começa então a precisar se adaptar a uma “realidade” distorcida, que não é mais apenas a sua, mas a que lhe foi colocada pelas pessoas que a amam, ou que nem amam tanto assim.

Assim, Lacan mostra brilhantemente a formação do Eu-ideal, que seria a personalidade que seria vista apenas pelo próprio sujeito e que indicaria o tipo de vida e realidade que esta pessoa gostaria de ter. Além do ideal-de-eu, que é uma distorção do Eu-ideal que é criada pela família, leis e sociedade, que indicam o tipo de realidade e vida que as pessoas gostariam de este sujeito tivesse. Boa parte do processo de análise é justamente para auxiliar o analisando a diferenciar o seu eu-ideal do ideal-de-eu, que lhe foi imposto e que, normalmente, causa sofrimento quando estão desalinhados.

Eu, Corpo e Fantasia 

Bom, de certa forma, já tratamos do Corpo e do Eu. O Corpo é o entendimento daquelas formas e cores que, no estádio do espelho se diferenciam entre eles e eu. É a identificação pura de que o sujeito existe e agora ele possui um corpo a ser controlado para interagir com outros corpos no mundo exterior. O Eu seria a personalidade que começa a ser formada pelo Eu-Ideal e o Ideal-de-Eu.

Fantasia é um tópico mais complexo pois ela não é somente um devaneio, ela é uma estrutura proposta por Lacan para fazer a ponte entre o sujeito e o Real. O Real aqui é algo para ser explorado em detalhes mais adiante. No entanto, por agora, basta saber que o Real é aquilo que não pode ser simbolizado, que não pode ser colocado em palavras.

Para o nosso contexto, a Fantasia é o que permite que o Eu encontre sentido para preencher aquele vazio inicial, que apareceu no estádio do espelho. A partir do momento que a pessoa se identifica como separada dos outros, ela começa a perceber que sua existência depende de fatores que não estão sob seu controle. Então, a Fantasia entra justamente para tentar “ligar os pontos”, tentar encontrar formas para sobreviver neste mundo novo como um ser independente.

É a Fantasia que permite que o sujeito tire suas próprias conclusões sobre o que as outras pessoas querem dela. Aquelas frases que mencionei que aparecem para a formação do Ideal-de-Eu são frases que serão escutadas por um sujeito/criança que terá de montar suas próprias conclusões sobre o assunto. Dependendo do quão disposto o aparelho psíquico da criança estiver, ela poderá interpretar estas frases de uma forma ou de outra, é justamente a Fantasia que vai lidar com esta interpretação.

Por isso que, mesmo gêmeos idênticos, criados em um mesmo ambiente, podem ver realidade totalmente diversas. Pois, seus aparelhos psíquicos únicos, com fantasias únicas, poderão levá-los a interpretar a mesma realidade de formas completamente diferentes.

O Amor 

Agora, para encerrar, algo que não está na pergunta inicial, mas que foi a primeira vez que li uma definição um pouco mais fechada sobre o assunto, então, acho que vale a pena mencionar. No texto da “Tópica do Imaginário”, no seminário um de Lacan, ele faz referência ao Amor.

Eu já havia ficado confuso uma vez quanto a isso pois, quando estava lendo “Introdução Clinica à Psicanalise Lacaniana“, de Fink, em determinado momento, ele diz que tal sintoma pode ser tratado com Amor. Eu achei o livro do Fink incrível, foi o meu “estádio do espelho” com relação à clínica psicanalítica, a primeira vez que comecei a entender o que era clinicar (minha formação é em análise de sistemas, então, nunca tive contato algum com a área de saúde mental antes 😁).

Assim, esta menção aleatória de que algo poderia ser tratado com “Amor”, me deixou desconcertado. Por isso, este tema me chamou atenção enquanto eu lia o texto de Lacan sobre o Imaginário.

Para Lacan, o Amor (principalmente o amor à primeira vista) é o que aparece quando você encontra em alguém uma referência imaginária ao seu Eu-Ideal. Não sei mais o que estou assumindo desta fala de Lacan e o que ele realmente quis dizer com isso. Mas, usei minha Fantasia para ajustar isso à minha realidade.

A interpretação que faço disso é que o Amor aparece quando você vê no outro o que falta (a dialética também em entra aí…) em você para que você consiga chegar mais próximo do seu Eu-Ideal. Para o caso da clínica, agora, acho que o que Fink quis dizer quando mencionou que o “Amor” seria o tratamento é que o analista seria a pessoa que auxiliaria o analisando a encontrar as partes que estavam faltando para que ele pudesse identificar e separar o ideal-de-eu do eu-ideal. Que é o que, de fato, importa.

E assim, termina este texto para responder a primeira questão proposta pelo Prof. Dr. Jonas Boni, no curso de Especialização em Psicanálise, módulo de Lacan.

Grafo do Desejo – Primeira Etapa

🛑Homem Trabalhando

Pra quem está lendo isso, é por que este post ainda está em progresso. Como Lacan é bastante confuso, é bem provável que eu vá e volte várias vezes ajustando este texto. Então, sinta-se à vontade para comentar o que quiser, mas, enquanto este parágrafo estiver aqui, perceba que o texto não está finalizado.

Emprestei este grafo do site : http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1415-71282021000100013 só até ter tempo de desenhar o meu. Como é bastante genérico, vai facilitar para eu começar a explica-lo.

Figura 1 : Grafo Completo de Lacan

Bom, o primeiro contato que tive com este grafo foi no livro “Escritos” de Lacan. Pra mim, foi um exercício inútil de leitura e não entendi absolutamente nada. Só fui começar a entender na aula do Jonas Boni, na especialização em psicanálise.

Agora, a idéia é ajustar este gráfico até que ele comece a fazer sentido. Para isso, vou direto à fonte. Ou seja, vou usar como base o seminário numero 6 de Lacan. Onde, logo no início, ele já apresenta este grafo e vai tentando explica-lo no decorrer do seminário.

O Problema do Grafo Original

Bom, por que o grafo de Lacan é tão confuso? Eu não encontrei na literatura ( e se alguém souber destas explicações e quiser me passar nos comentário, vai ser ótimo 😁) qualquer fonte de referência que Lacan tenha usado para, a partir disso, desenhar seu grafo. A impressão que dá é que ele simplesmente assumiu que bolinhas ligadas por linhas são grafos. E, a partir dali, atribuiu um monte de significados a cada elemento do grafo para auxiliar na descrição de sua teoria. Pra mim, este é o maior problema para entender o significado destes desenhos. Como o próprio Lacan disse, um significante (bolinhas e linhas) podem ter diversos significados, e isso varia de pessoa pra pessoa, cultura pra cultura, sem uma definição clara do que cada símbolo representa, cada pessoa pode ter a sua própria interpretação do que Lacan quis dizer no grafo. Por isso, a primeira coisa que vou fazer é deixar claro o que EU entendo destes símbolos gráficos. Acredito que isso vai facilitar para que eu possa expressar o entendimento que tenho do que Lacan quis dizer no dele.

Definições

  • Estados
    Cada bolinha no nosso grafo será um estado. Por exemplo, meu Eu pode estar confuso, quando aprendo algo sobre o que está me confundindo, [Eu] fico esclarecido, vejo algo novo e [Eu] fico confuso novamente. Aqui estaria um grafo para representar isso:
Figura 2 : Grafo de Estados

O importante aqui é que existe uma relação clara de que, o estado (bolinha) representa algo substantivo e as setas representam um movimento/ação que leva o “Eu” de um estado para o Outro. Por enquanto, este grafo ainda está bastante pobre, por exemplo, não sabemos qual é o início ou fim. Não sabemos se o Eu começa confuso e depois fica esclarecido ou vice versa. No texto de Lacan, ele indica que várias coisas acontecem ao mesmo tempo, ou seja, mesmo sem indicação visual alguma, o grafo tem múltiplos estados iniciais e caminhos que acontecem em paralelo. Da forma que está, parece que cada caminho colabora com algo diferente para o desfecho do grafo (que não tem indicado em lugar algum qual seria este desfecho ou conclusão…). Então, vamos trazer estes significantes de Início e Fim para o nosso grafo:

Figura 3 : Inicio e Fim em grafos de estado

Prontinho, agora podemos representar ( e eu não estou tirando isso da minha cabeça, é assim que desenhamos grafos há décadas em análise de sistemas computacionais) os estados iniciais e finais do grafo. O inicial é uma bolinha com uma seta desconectada de outros estados e o final é um estado marcado com um circulo externo.

Assim, se eu quiser dizer que “nasci” confuso e depois me tornei esclarecido, poderia desenhar da seguinte forma:

Figura 4 : Exemplo de grafo de estados

Pronto, com isso já temos os elementos básicos para poder rever o grafo que foi proposto por Lacan e, com alguma sorte, entende-lo.

Camada inferior do Grafo de Lacan

Na figura 1, vemos o grafo completo, como foi proposto por Lacan. Na realidade, em sua própria explicação, ele o divide em parte inferior e superior, e demonstra várias etapas para a sua criação. Então, vamos fazer o mesmo. Vamos iniciar estudando a parte inferior do grafo:

Na primeira etapa para desenhar o grafo, o objetivo é demonstrar como um sujeito existente como massa de carne e ossos (sem significantes), passa a ser um sujeito de significante, que pode se expressar para os outros. Pra mim, isso tenta mostrar o caminho pelo qual um “incômodo” consegue ser traduzido em palavras. Uso aqui a palavra incômodo como algo genérico que seria a causa para disparar algum processo psíquico. Algo que, por si só, não consegue ser nomeado. Daí vem a busca de significado, que vai ativar o sistema simbólico para encontrar na linguagem (O grande Outro) uma sentença que o representa.

Bom, vamos desenhar então. Aqui está o grafo original de Lacan para esta idéia e o meu simplificado (espero…):

O que Lacan desejava aqui era demonstrar a idéia de como um sujeito passa de um mundo sem comunicação/significantes para um mundo onde consegue se expressar. Para isso, iniciamos com dois grafos que se intersectam. O grafo Δ -> 🧐 mostra o aparecimento do incômodo sem forma ou significado “Δ” que vai obter significado ao passar pela cadeia de significantes (grafo S -> S’). Ou seja, para sair do incômodo (“dor de barriga”) e chegar na frase (“estou com vontade de comer cachorro quente”), foi necessário que um processo inconsciente tomasse cabo para avaliar todos os sentidos da pessoa e todas as formações de significantes possíveis na Linguagem para que então, o significado mais apropriado fosse escolhido.

Neste novo gráfico, tento manter o máximo do original. Apenas indicando claramente onde cada grafo começa e termina. No entanto, eu alterno a direção do sujeito sem expressão para o de significante. Por algum motivo, Lacan desenha este grafo da direita para a esquerda. Isso deixa o grafo pouco intuitivo. Como na cultura ocidental a norma de escrita é da esquerda para a direita, um leitor desavisado pode imaginar que o sujeito dividido (de significante) é que está “involuindo” para o sem significado… deixando o grafo mais confuso do que deveria. Por este motivo, eu também alterei esta ordem no grafo alternativo.

Pra mim, uma representação ainda mais expressiva seria:

O Δ seria o sujeito sem significante de Lacan. O 🧐 seria o sujeito de significante. Eles estão separados pela linha tracejada que indica dois momentos, o momento em que o desejo sem nome apareceu (Incômodo) e gerou a necessidade da “Busca de Significante”. A Busca leva à necessidade de processar todo o inconsciente e contexto que estão registrados na memória através da Linguagem (Grande Outro) e que, quando uma frase específica é escolhida (S’), aparece o ponto de Basta, onde o, agora, sujeito da linguagem consegue expressar qual é o seu incômodo para o mundo externo.

Para terminar, vamos a um exemplo:

  1. Aparece um incômodo na barriga (Sujeito sem significante)
  2. Começa uma busca no inconsciente para dar significado para esta dor. São avaliados traumas (alguém me deu um soco na barriga quando eu era criança), sentidos (vem um cheirinho bom de salsicha lá da cozinha), fisiologia (é uma dor de baixa intensidade, que não parece ser um machucado)
  3. Da Linguagem, extraio um sem número de possibilidades: “Estou com vontade de ir ao banheiro”, “Quero vomitar”, “Tem um Alien saindo da minha barriga”, “Estou com fome e quero cachorro-quente”.
  4. Da interação entre 2 e 3 é extraído o significante que mais faz sentido para aquele momento(inclusive podendo estar errado). Este momento em que a busca se encerra é o que Lacan definiu como “Ponto de Basta”
  5. O Significante eleito é entregue ao sujeito que pode então utiliza-lo para expressar o significado de seu incômodo e, se desejar, gerar uma demanda para o mundo externo

Espero que tenha ficado mais simples e ilustrativo que os originais do Lacan. Se tiverem alguma crítica e/ou sugestão, por favor, envie nos comentários.