Não sou psicólogo nem tão pouco psicanalista, mas sou extremamente curioso. Durante os quase dois anos em que enfrentei a depressão, cheguei a pensar que meu caso era terrivelmente único e que ninguém, exceto eu mesmo, seria capaz de resolvê-lo (sim, talvez tenha sido um pouco arrogante da minha parte, mas eu estava profundamente deprimido e desanimado, então, espero que relevem 😊).
Inicialmente, busquei ler tudo o que podia sobre felicidade, incluindo o método de Harvard para ser feliz, a Hipótese da Felicidade entre outros. Essas leituras me mostraram que o grande problema que eu enfrentava não me tornava único de forma alguma. Na verdade, com base em alguns testes científicos para determinar o nível de depressão das pessoas, acho que mais de 90% da população mundial tenha, no mínimo, um nível leve de depressão.
A parte positiva dessa jornada de aprendizado foi que descobri várias formas diferentes de alcançar a felicidade. Minha interpretação do que li é mais ou menos assim: A felicidade está no próprio processo de busca para encontrar a felicidade (sim, é redundante e recursivo). Não é possível ser feliz o tempo todo pois a felicidade não é um objetivo que se alcança. Na verdade, a felicidade surge na busca e não o fim.
Para tornar as coisas mais claras, vamos usar um exemplo. Digamos que você goste de dançar. A primeira coisa que deseja é praticar e dançar o máximo possível. Ao frequentar locais de prática, encontrará pessoas com gostos parecidos aos seus e se sentirá parte daquele grupo. Ao estabelecer conexões com seus colegas, essas amizades poderão perdurar por toda vida. Com prática e dedicação, você pode até ser convidado para uma exibição de dança ou para dar uma palestra sobre seu estilo musical; isso lhe trará reconhecimento e admiração. E, à medida que se anima e pratica mais ainda, você melhora e esse ciclo virtuoso se repete.
Então, nesse exemplo, quando a pessoa estava feliz? Será que foi durante a apresentação do espetáculo? Na palestra? Na verdade, sim, todos esses momentos são felizes mas não são duradouros. A palestra vai terminar, o estilo que você conhece vai sair de moda e é bem provável que uma hora você deixe de estar em evidência. Estes são pontos de ápice, momentos super felizes. No entanto, a felicidade duradoura está no convívio com seus colegas de dança e na prática contínua de dançar, na satisfação de aprender algo novo, independentemente do estilo.
A felicidade duradoura provém do processo e não do resultado. Portanto, se essa pessoa, de repente, decidisse que já atingiu o auge, que após uma apresentação de dança para uma platéia de duas mil pessoas, já não teria mais o que fazer na dança. Neste caso, poderia se aposentar e parar de dançar. A felicidade gradualmente se dissiparia até desaparecer.
Portanto, pouco importa se o espetáculo foi bom ou ruim. Você estava lá pois amava dançar, não porque queria se exibir para alguém. No dia seguinte, voltará a fazer o que mais gosta, dançar, encontrar seus amigos, rir e ser feliz.
Concluindo, a felicidade está no processo, não apenas no resultado.